Parauapebas Réplica
Individual 90g
- País: Brasil
- Ano queda: 2013
- Classificação: Condrito L3.6
- Massa total: 0,272 kg
- Queda observada: Sim
RÉPLICA EM CERÁMICA FEITA NA ITÁLIA
Parauapebas Réplica
Em 9 de dezembro de 2013, por volta das 19hs, um meteorito caiu na cidade de Parauapebas, localizada na parte leste do estado do Pará, Brasil. Uma testemunha relatou ter visto o bólido viajando de NE para SW. Uma pedra atingiu o telhado de uma casa, acarretando um forte barulho, que foi ouvido pela moradora MN. Ela afirma que um fragmento do meteorito a atingiu e machucou seu ombro direito, porém seu filho relata que sua mãe fora atingida apenas por telhas quebradas pelo impacto do meteorito. Seu filho, IL, logo após o impacto recolheu a pedra no telhado.
Outro meteorito desta mesma queda, desta vez com um característico formato de orientação e com 210 g também teve sua queda presenciada por outros moradores da cidade enquanto estavam na frente de suas casas. MR, seu marido PN, sua mãe RS e seus vizinhos ouviram um alto barulho de trovão e do impacto quando a pedra atingiu a viga de madeira do telhado de sua casa e posteriormente caiu no chão. MR imediatamente recolheu a pedra e notou que ainda estava quente.
Um fragmento de 62 gramas foi guardado pela Sra. MN até 2015, quando cedeu o mesmo a DC para estudo. A Sra MN é mãe da cunhada de Dorília, que estava trabalhando no Instituto de Geologia da USP na época e levou o meteorito para ser estudado por algumas pessoas que não mostraram muito interesse. Finalmente conseguiu despertar a atenção do professor Daniel Atencio e juntos começaram as primeiras análises. Em 2017 foi feita uma tentativa sem sucesso de submissão do meteorito ao Comitê de Nomenclatura para oficialização do meteorito. Em 2018, André Moutinho estava cursando uma disciplina de pós-graduação no Instituto de Geologia com o professor Atencio. Este, sabendo da experiência do Moutinho em relação aos meteoritos perguntou se havia interesse em apoiá-lo para tentar conseguir a aprovação do meteorito junto ao Comitê de Nomenclatura. Moutinho então levou uma amostra do meteorito para que a análise também pudesse ser feita em parceria com o Museu Nacional do RJ. Foi feita uma revisão das análises e também do relato para o processo de submissão, além do cadastro do Museu de Geociências como repositório de amostras tipo de meteoritos. O meteorito Parauapebas foi finalmente aprovado em 2 de dezembro de 2018. A entrada do meteorito no Database pode ser acessada por esse endereço: https://www.lpi.usra.edu/meteor/metbull.php?code=68520
No início de 2018, MR, proprietária da massa orientada de 210g, entrou em contato com Andre Moutinho, que já fazia parte da equipe de classificação do fragmento de 62 g. A pedra de 210 g foi adquirida pelo Moutinho alguns meses depois.
Curiosidades sobre o meteorito Parauapebas
O Parauapebas é um meteorito "hammer", termo associado a meteoritos que atingem objetos ou pessoas durante sua queda. Na história somente há um caso muito bem documentado de meteorito que atingiu e feriu uma pessoa. É o caso do meteorito Sylacauga, que caiu em 1954 nos EUA acertando e ferindo a Sra. Anne Hodges. No caso do Parauapebas, como a investigação e o evento se passaram há cerca de 5 anos e não foi possível obter evidências como fotos do ferimento da Sra. MN. Porém, foram obtidos e gravados o seu depoimento e o do filho, relatando a ocorrência do ferimento. É o primeiro caso brasileiro e um dos únicos no mundo onde a queda de um meteorito causa ferimentos. A amostra tipo depositada no Museu de Geociências pertence ao fragmento que causou ferimentos na Sra. MN.
Vale salientar também que o Parauapebas é apenas o terceiro meteorito oficial do estado do Pará, juntamente com o meteorito Ipitinga, tipo H5 e encontrado em 1989, e o Serra Pelada, raro eucrito que caiu na famosa vila de Serra Pelada, em 2017.
Classificação e oficialização
Para a classificação e oficialização deste meteorito junto ao Comitê de Nomenclatura da Sociedade Meteorítica foi estabelecido um consórcio entre pesquisadores do Instituto de Geologia da USP e do Museu Nacional/UFRJ. Esse meteorito foi classificado como um Condrito Ordinário tipo H4-5. Composto por duas brechas do mesmo grupo químico H, porém com graus de metamorfismos diferenciados 4 e 5. Participaram deste trabalho os pesquisadores D. Atencio, D. Cunha e A. L R Moutinho (IGc/USP) e C.V.N. Villaça, A. A. Tosi e M. E. Zucolotto (Museu Nacional RJ/UFRJ).
Repositório Oficial
Durante a submissão do meteorito Parauapebas, o Museu de Geologia/USP foi cadastrado e oficializado junto ao Comitê de Nomenclatura da Sociedade Meteorítica como repositório oficial de meteoritos tipos. O meteorito Parauapebas é o primeiro meteorito cuja amostra tipo está depositado no IGc/USP.
Texto descritivo preparado por A. Moutinho em 03/06/2019 para o Museu de Geociências IGc/USP. Revisado por D. Atencio e D. Cunha.
Condrito
Representam o tipo mais comum de meteoritos e guardam em seu interior informações que ajudam os cientistas a desvendar a formação do sistema solar. O termo “condrito” é originado de “côndrulos”, que correspondem a pequenas formações em forma de grânulos envoltos em uma matriz sólida. Esses grânulos representam a matéria primordial da nuvem de gás que originou o sistema solar com todos os planetas e o sol. O material contido nesses meteoritos é praticamente idêntico ao material encontrado no sol com exceção dos materiais leves como hidrogênio e hélio. Assim, os meteoritos condritos são de fundamental importância para a ciência, pois permite abrir uma janela ao passado de 4.5 bilhões de anos e analisar as substâncias e estruturas primitivas presentes nesse estágio de evolução do sistema solar.
Classificação Petrológica dos Condritos
Ausentes 1 |
Esparsos 2 |
Abundantes Distintos 3 |
4 | Indistintos 5 |
6 | ||
Ordinários(OC) |
H |
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L |
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LL |
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Carbonaceos (C) |
CI |
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CM |
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CR |
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CO |
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CV |
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CK |
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Rumuritos (R ) |
R |
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Estantitos (E) |
EH |
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EL |
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Condritos Ordinários (OC)
Condritos Enstatitos (E)
Condritos Rumurutitos (R)
Condritos Carbonáceos (C)
Teoria de formação dos côndrulos:
A teoria mais aceita diz que os côndrulos seriam a poeira que ficava mais próxima ao Sol e que, quando ele começou a produzir calor acabou derretendo e formou pequenas gotículas que depois foram sopradas pelo vento solar e acabaram se resfriando e se misturando com o resto da poeira e com os flocos de metal (que originaram a matriz dos meteoritos). Outra teoria mais recente diz que o aquecimento também pode ter ocorrido devido a indução de correntes elétricas na poeira (que tinha alta resistência e por isso aqueciam) devido ao forte campo magnético do Sol. Mais estudos estão sendo feitos, mas é possivel que ambos os efeitos possam ter ocorrido.