
NWA Não Classificado
Individual 12.5g
- País: Northwest Africa
- Classificação: Condrito Ordinário
- Queda observada: Não
NWA Não Classificado
s meteoritos NWA (Northwest Africa) são verdadeiros tesouros do deserto e mensageiros do espaço profundo. No vasto e silencioso Saara, onde o céu estrelado parece tocar o horizonte dourado, esses fragmentos extraterrestres repousam há milênios sobre a areia quente, esperando o momento de serem descobertos. Desde o final do século XX, nômades beduínos que cruzam essas terras inóspitas com suas caravanas começaram a encontrar pedras escuras, pesadas e totalmente distintas das rochas locais. Com sua intuição aguçada e respeito pelos segredos da natureza, esses viajantes passaram a recolher as estranhas pedras e vendê-las a comerciantes, exploradores e, eventualmente, a cientistas e museus. Assim nasceram os primeiros meteoritos identificados sob a sigla NWA — abreviação de Northwest Africa, que se refere a meteoritos encontrados em países como Marrocos, Argélia, Mali e Saara Ocidental, geralmente sem registro de queda observada.
Muitos dos NWA são condritos, o tipo mais comum de meteorito, mas longe de serem simples. Eles são fragmentos primitivos que remontam à formação do Sistema Solar, há mais de 4,5 bilhões de anos. No início, uma nuvem de gás e poeira cósmica — o disco protoplanetário — girava em torno do jovem Sol. Pequenas partículas ricas em minerais começaram a colidir e se fundir, formando esferas milimétricas chamadas côndrulos. Com o tempo, esses grãos se uniram com material metálico e matriz mineral para formar os primeiros planetesimais: blocos rochosos que dariam origem aos planetas. Muitos desses corpos primordiais foram destruídos por colisões violentas, lançando fragmentos ao espaço — fragmentos que cruzaram o vácuo por eons, até encontrar seu destino final: a Terra.
Os condritos encontrados nos NWA são registros fósseis desses processos iniciais. Suas texturas condríticas preservam a história das reações térmicas, químicas e físicas que moldaram os corpos planetários em seus estágios mais primitivos. Ao contrário de rochas terrestres, eles não foram reciclados por tectonismo, vulcanismo ou erosão. São puros, diretos, originais. Fragmentos de meteoritos NWA muitas vezes contêm olivina, piroxena, troilita e grãos metálicos de ferro-níquel, dispostos em uma matriz escura. Sua diversidade é notável: alguns NWA são condritos comuns equilibrados, outros são brechas complexas, e há ainda aqueles que revelam pistas sobre a presença de água, elementos orgânicos e mesmo traços de impactos catastróficos.
O deserto do Saara, com seu clima árido e solo claro, é um local ideal para a preservação e descoberta desses meteoritos. A ausência de chuva e vegetação impede a degradação química, enquanto a superfície clara contrasta com os fragmentos escuros de meteoritos, facilitando sua localização. Não é difícil imaginar um nômade caminhando ao pôr do sol, quando a luz dourada revela um brilho metálico ou uma textura vítrea entre os grãos de areia — um presente cósmico esperando para ser revelado.
Apesar de muitos meteoritos NWA não possuírem dados precisos de queda, eles são profundamente valiosos para a ciência. Diversos exemplares ajudaram a compreender a história térmica de asteroides, o papel da água nos primórdios do Sistema Solar, e até mesmo conexões com a Lua e Marte. Alguns contêm materiais mais antigos que o próprio planeta Terra, oferecendo pistas sobre os blocos de construção da vida. Outros revelam impactos tão antigos e intensos que transformaram sua estrutura interna em vidro cósmico.
Hoje, os meteoritos NWA circulam entre museus, laboratórios e coleções particulares ao redor do mundo. Cada fragmento traz consigo não apenas átomos forjados nas primeiras gerações de estrelas, mas também a história viva do deserto e dos povos que os encontraram. A conexão entre o espaço profundo e a cultura nômade do Saara cria uma narrativa fascinante, onde ciência, geografia e humanidade se entrelaçam.
Os meteoritos NWA são muito mais do que rochas espaciais. São testemunhos de outros mundos, conservados em silêncio pelas areias do tempo. São pedaços da formação planetária, presentes de um Universo ancestral — e agora, podem ser parte da sua história também.

Condrito
Representam o tipo mais comum de meteoritos e guardam em seu interior informações que ajudam os cientistas a desvendar a formação do sistema solar. O termo “condrito” é originado de “côndrulos”, que correspondem a pequenas formações em forma de grânulos envoltos em uma matriz sólida. Esses grânulos representam a matéria primordial da nuvem de gás que originou o sistema solar com todos os planetas e o sol. O material contido nesses meteoritos é praticamente idêntico ao material encontrado no sol com exceção dos materiais leves como hidrogênio e hélio. Assim, os meteoritos condritos são de fundamental importância para a ciência, pois permite abrir uma janela ao passado de 4.5 bilhões de anos e analisar as substâncias e estruturas primitivas presentes nesse estágio de evolução do sistema solar.
Classificação Petrológica dos Condritos
Ausentes 1 |
Esparsos 2 |
Abundantes Distintos 3 |
4 | Indistintos 5 |
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Ordinários(OC) |
H |
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L |
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LL |
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Carbonaceos (C) |
CI |
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CM |
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CR |
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CO |
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CV |
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CK |
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Rumuritos (R ) |
R |
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Estantitos (E) |
EH |
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EL |
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Condritos Ordinários (OC)
Condritos Enstatitos (E)
Condritos Rumurutitos (R)
Condritos Carbonáceos (C)
Teoria de formação dos côndrulos:
A teoria mais aceita diz que os côndrulos seriam a poeira que ficava mais próxima ao Sol e que, quando ele começou a produzir calor acabou derretendo e formou pequenas gotículas que depois foram sopradas pelo vento solar e acabaram se resfriando e se misturando com o resto da poeira e com os flocos de metal (que originaram a matriz dos meteoritos). Outra teoria mais recente diz que o aquecimento também pode ter ocorrido devido a indução de correntes elétricas na poeira (que tinha alta resistência e por isso aqueciam) devido ao forte campo magnético do Sol. Mais estudos estão sendo feitos, mas é possivel que ambos os efeitos possam ter ocorrido.