Aletai

Fatia 16g

  • País: China
  • Ano achado: 1898
  • Classificação: Siderito IIIE Anômalo
  • Massa total: 74000 kg
  • Queda observada: Não
R$ 432,00
Aletai

Análises químicas e petrográficas de múltiplas massas de meteorito de ferro na parte norte da Região Autônoma de Xinjiang Uyghur, China, indicam o emparelhamento dessas massas com o ferro de Armanty (IIIE). Todos esses meteoritos de ferro, bem como qualquer material par que possa ser descoberto no futuro, terão doravante o nome oficial de “Aletai”, o nome de um condado local. Os nomes “Armanty”, “Xinjiang (b)” e “Xinjiang 008” (um nome provisório) foram abolidos e se tornaram sinônimos de Aletai. Em uma ação anterior (MetBull 95), o nome “Ulasitai” foi abolido e passou a ser sinônimo de Armanty; “Ulasitai” agora se tornará sinônimo de Aletai.

Esta entrada também corrige coordenadas publicadas anteriormente para a massa de Armanty de 28 toneladas, anuncia várias novas massas e apresenta dados composicionais por J.T. Wasson, UCLA, para cinco das massas emparelhadas. As massas formam um arranjo NW-SE, abrangendo aproximadamente 425 km pela China e uma porção da Mongólia (embora nenhuma massa tenha sido relatada da Mongólia).
 
O novo sistema nomenclatural para esses ferros é análogo ao agrupamento, algumas décadas atrás, dos ferros IIAB anteriormente denominados com o nome de “Norte do Chile”. Ao se referir geralmente aos ferros, os autores devem usar os nomes “Aletai” e “Norte do Chile”. Ao se referir a uma determinada missa, os autores devem identificá-la como, por exemplo, a "Missa Armanty de Aletai" ou a "Missa Filomena do Norte do Chile". A lista de nomes de massa recomendados para Aletai aparece na tabela abaixo.
 
As coordenadas listadas para esta entrada correspondem ao local corrigido em que a massa de Armanty foi descoberta.
 
Descoberta da massa Wuxilike de Aletai:
Um grande ferro foi encontrado por um fazendeiro local em um vale em uma área montanhosa do condado de Aletai. Estava cercado por pedras e meio enterrado. Uma pequena amostra foi retirada para análise. Maquinaria pesada foi usada para mover o meteorito do vale para a casa do descobridor. Características físicas: A largura de banda da kamacita é de 0,89 ± 0,41 mm. Petrografia: As fases principais do meteorito são kamacita, taenita e plessita. As fases menores incluem schreibersita, daubréelita, troilita e haxonita.
 
Descoberta da massa Akebulake de Aletai:
Um relato da descoberta dessa grande massa de ferro em uma remota região montanhosa foi publicado por Beatty (2011) com base em uma viagem de Ayisha em junho de 2011. Tem uma superfície irregular com regmagliptos parciais, mas foi severamente afetada pelo intemperismo terrestre. O ferro é castanho-escuro; estava parcialmente coberto por uma laje de granito na encosta de uma montanha. Seu exterior era marcado por vários rabiscos de graffiti e cortes. Autoridades da cidade de Aletai temem que o meteorito seja mais danificado, eles construíram uma estrada e moveram a massa de Akebulake para a prefeitura de Aletai em 2011.

 

Siderito

Assim como os acondritos, os sideritos são provenientes de corpos parentais cuja matéria primordial sofreu diferenciação. Este material, originário da nebulosa que formou o sistema solar e presente nos meteoritos condritos, sofreu a ação gravitacional ao longo de bilhões de anos dando origem a todos os corpos que conhecemos hoje no sistema solar como o sol, planetas, asteróides, etc. Os sideritos são meteoritos provenientes do núcleo desses corpos parentais onde o material mais pesado se concentrou como o Ferro e Níquel. Apesar de haver um grande número de meteoritos ferrosos já catalogados, a grande maioria não teve a sua queda observada. Somente uma pequena parcela das quedas observadas corresponde a meteoritos sideritos, a grande maioria é representada pelos condritos. Levando-se a conclusão que os meteoritos ferrosos são relativamente mais raros que os rochosos em nosso sistema solar.

Uma vez em ambiente terrestre, os meteoritos ferrosos sofrem menos desgaste que os condritos e, desta maneira, ainda podem ser encontrados após milhares de anos de sua queda. Os condritos, por sua vez, rapidamente sofrem a ação da atmosfera e rapidamente passam a ser confundidos com rochas terrestres e sua descoberta se torna cada vez mais difícil. Desta maneira, temos registros que achados de meteoritos ferrosos de milhares de anos e vários relacionados a grandes crateras como Canyon Diablo no Arizona com cerca de 1200 metros diâmetro e 50.000 anos. Encontramos inúmeros outros exemplos de grandes achados com várias toneladas como o Campo Del Cielo na Argentina ou Gibeon na Namíbia. Devido também a sua alta resistência, os meteoritos ferrosos estão entre os maiores já conhecido, pois são mais resistentes a reentrada na atmosfera terrestre. O maior foi é o Hoba West, localizado na Namíbia com 6 toneladas. O maior meteorito encontrado no Brasil é o Bendengó com 5.3 toneladas e se encontra hoje no Museu Nacional, RJ.
Outro fator que ajuda no trabalho de busca dos meteoritos ferrosos é sua alta atratividade a imãs e ótima resposta a detectores de metais. Detectores de metais são extensamente utilizados em trabalhos de busca de meteoritos e não apresentam uma boa resposta em meteoritos rochosos.
Os meteoritos ferrosos são constituídos basicamente de uma liga ferro-níquel e uma pequena quantidade de outros elementos como germânio, gálio, ósmio e irídio que, por serem elementos pesados, se concentraram na região do núcleo do corpo parental.
Há duas metodologias de classificação para os meteoritos ferrosos, a mais antiga e tradicional é através do estudo da estrutura e proporção do metal níquel na liga ferro-níquel. Para tanto, bastava realizar o polimento de uma porção do material, realizar o tratamento com ácido nítrico e verificar que tipo de estrutura ficaria evidente. Com base nessa estrutura o meteorito recebia a sua devida classificação como Hexaedrito, Octaedrito ou Ataxito. Mais recentemente outro método baseado no estudo químico ou quantitativo de elementos como irídio e gálio em igual proporção de níquel passou a ser empregado. Desta classificação surgiram as seguintes classificações num total de 14 grupos diferentes: IAB, IC, IIAB, IIC, IID, IIE, IIF, IIG, IIIAB, IIICD, IIIE, IIIF, IVA, IVB. Além desses grupos uma pequena parcela ainda não foi agrupada recebendo esta mesma denominação.
Uma interessante relação entre esses dois tipos de classificações também foi observada e relacionada na seguinte tabela:
Classe estrutural
Símbolo
Camacita [mm]
Níquel
[%]
Grupo químico relacionado
Hexaedritos
H
> 50
4.5 – 6.5
IIAB, IIG
 Octaedrito Muito Grosseiro
Ogg
3.3 – 50
6.5 – 7.2
IIAB, IIG
Octaedrito Grosseiro
Og
1.3 – 3.3
6.5 – 8.5
IAB, IC, IIE, IIIAB, IIIE
Octaedrito Médio
Om
0.5 – 1.3
7.4 – 10
IAB, IID, IIE, IIIAB, IIIF
Octaedrito Fino
Of
0.2 – 0.5
7.8 – 13
IID, IIICD, IIIF, IVA
Octaedrito Muito Fino
Off
< 0.2
7.8 – 13
IIC, IIICD
Octaedrito Plessítico
Opl
< 0.2
9.2 – 18
IIC, IIF
Ataxito
D
-
> 16
IIF, IVB

 

Antes de descrever cada tipo estrutura, vale alguns comentários em relação à principal liga ferro-níquel, constituinte deste tipo de meteorito. Os dois principais tipos desta liga encontrados em meteoritos ferrosos são a kamacita e tenita. A formação de uma determinada liga de ferro-níquel no núcleo do corpo parental vai depender da proporção de níquel presente na liga ferro-níquel, da temperatura e velocidade de resfriamento. Se a proporção de níquel na liga ferro-níquel for baixa, entre 4.5 e 6.5 %, a liga resultante será a kamacita. Se a proporção de níquel for alta como 30% ou mais em relação ao ferro, teremos somente a formação da tenita. Como a proporção de níquel num meteorito ferroso está situada entre 6 a 13%, encontramos as ligas formadas somente de kamacita, somente de tenita e uma mistura das duas ligas.
Octaedritos (O): Tipo mais comum de siderito exibindo a famosa figura de Widmanstätten quando polido e tratado com ácido nítrico. É composto por uma mistura de kamacita e tenita interligados. A interligação espacial entre a kamacita e tenita se dá na forma de um octaedro, dando o nome de octaedrito a esse grupo. O espaço entre as placas de kamacita e tenita são preenchidos por uma fina mistura granular de kamacita e tenita chamada Plessita (preenchimento em Grego). Os Octaedritos são novamente classificados de acordo com a espessura da camada de kamacita na figura de Widmanstätten.
Hexaedritos (H): Tipo formado essencialmente por kamacita. O nome hexaedrito se fere a rede cristalina onde esta liga é formada. A rede cristalina tem formato cúbico com seis lados iguais e com ângulos retos entre os mesmo formando um hexaedro. Os hexaedritos não exibem o padrão de Widmanstätten como a maioria dos outros sideritos e sim pequenas linhas finas denominadas “Linhas de Neumman”, em homenagem ao seu descobridor Franz Ernst Neumann e identificou essas linhas em 1848. Estas “Linhas de Neumman” são indicativas da deformação por choque no corpo parental. O grupo químico relacionado ao hexaedrito é o IIAB.
Ataxitos (D): Raro tipo de siderito que não apresenta nenhuma estrutura óbvia quando tratados com ácido nítrico. O termo ataxito vem do Grego “sem estrutura”. É formado essencialmente com a liga rica em níquel tenita. É o tipo de siderito mais raro e nenhuma das quedas observadas até hoje de sideritos é do tipo Ataxito.