Aletai

Fatia 7.2g

  • País: China
  • Ano achado: 1898
  • Classificação: Siderito IIIE Anômalo
  • Massa total: 74000 kg
  • Queda observada: Não
R$ 236,00
Aletai

Imagine segurar nas mãos um fragmento de história cósmica, formado há bilhões de anos, muito antes da Terra existir. Agora, essa experiência única está ao seu alcance: apresentamos fatias autênticas do meteorito Aletai, uma verdadeira joia sideral que nos conecta diretamente às origens do Sistema Solar.

O meteorito Aletai é um siderito (meteorito metálico) do grupo IIIE, conhecido por sua complexa estrutura interna e rara composição de ferro-níquel. Formado a partir dos núcleos de planetesimais primitivos — pequenos corpos celestes que não chegaram a se tornar planetas — o Aletai é um vestígio direto da formação de mundos, forjado em temperaturas extremas e resfriado ao longo de milhões de anos em pleno espaço interestelar. Esse lento processo gerou a impressionante estrutura de Widmanstätten, um padrão geométrico visível apenas em meteoritos de ferro e impossível de reproduzir artificialmente.

Descoberto na Região Autônoma de Xinjiang Uyghur, China, o Aletai é resultado da consolidação de várias massas previamente conhecidas por outros nomes, como Armanty, Xinjiang (b) e Ulasitai — todos agora reunidos sob o nome oficial de Aletai, conforme padronizado pelo boletim MetBull 95. Essa mudança reconhece a conexão geoquímica e estrutural entre esses corpos, incluindo recentes descobertas como a da impressionante massa de 23 toneladas, encontrada em junho de 2021, em uma pastagem do condado de Aletai (48°2’17"N, 88°23’3"E), próxima aos locais das massas Wuxilike e Akebulake. A nova massa estava soterrada sob solo e grama, coberta por uma leve oxidação marrom-clara, e foi localizada nas imediações do vilarejo conhecido como WuQilike, conforme registrado no mapa Baidu.

A análise geoquímica dessa nova massa reforça sua classificação no grupo IIIE: composta principalmente por kamacita (com 6,82–7,21% de níquel) e taenita (14,45–41,13% de níquel), além de pequenas proporções de plessita, schreibersita (34,20–48,86% de níquel) e haxonita (4,68–4,87% de níquel e 0,13–0,27% de cobalto). A haxonita, um mineral intermetálico raro, aparece incrustada no centro da plessita, o que é um forte indicador de sua origem sideral. A largura média da kamacita, outro dado petrográfico essencial, é de 1,0 ± 0,2 mm, típica dos meteoritos IIIE.

A história dessas massas é fascinante. A massa Wuxilike, por exemplo, foi descoberta por um agricultor local em um vale isolado e extraída com auxílio de maquinário pesado. Já a massa Akebulake foi revelada ao mundo após uma expedição em 2011 e precisou ser resgatada pelas autoridades da cidade de Aletai para evitar danos causados por vandalismo e exposição ao intemperismo terrestre.

Adquirir uma fatia do meteorito Aletai não é apenas investir em uma raridade natural — é possuir uma peça autêntica do universo primitivo, um artefato que testemunhou a formação das estrelas, dos planetas e, por fim, da própria Terra. Seja você um colecionador, pesquisador, educador ou simplesmente um apaixonado pelo cosmos, esta é uma oportunidade rara de se conectar com o infinito de forma tangível.

Siderito

Assim como os acondritos, os sideritos são provenientes de corpos parentais cuja matéria primordial sofreu diferenciação. Este material, originário da nebulosa que formou o sistema solar e presente nos meteoritos condritos, sofreu a ação gravitacional ao longo de bilhões de anos dando origem a todos os corpos que conhecemos hoje no sistema solar como o sol, planetas, asteróides, etc. Os sideritos são meteoritos provenientes do núcleo desses corpos parentais onde o material mais pesado se concentrou como o Ferro e Níquel. Apesar de haver um grande número de meteoritos ferrosos já catalogados, a grande maioria não teve a sua queda observada. Somente uma pequena parcela das quedas observadas corresponde a meteoritos sideritos, a grande maioria é representada pelos condritos. Levando-se a conclusão que os meteoritos ferrosos são relativamente mais raros que os rochosos em nosso sistema solar.

Uma vez em ambiente terrestre, os meteoritos ferrosos sofrem menos desgaste que os condritos e, desta maneira, ainda podem ser encontrados após milhares de anos de sua queda. Os condritos, por sua vez, rapidamente sofrem a ação da atmosfera e rapidamente passam a ser confundidos com rochas terrestres e sua descoberta se torna cada vez mais difícil. Desta maneira, temos registros que achados de meteoritos ferrosos de milhares de anos e vários relacionados a grandes crateras como Canyon Diablo no Arizona com cerca de 1200 metros diâmetro e 50.000 anos. Encontramos inúmeros outros exemplos de grandes achados com várias toneladas como o Campo Del Cielo na Argentina ou Gibeon na Namíbia. Devido também a sua alta resistência, os meteoritos ferrosos estão entre os maiores já conhecido, pois são mais resistentes a reentrada na atmosfera terrestre. O maior foi é o Hoba West, localizado na Namíbia com 6 toneladas. O maior meteorito encontrado no Brasil é o Bendengó com 5.3 toneladas e se encontra hoje no Museu Nacional, RJ.
Outro fator que ajuda no trabalho de busca dos meteoritos ferrosos é sua alta atratividade a imãs e ótima resposta a detectores de metais. Detectores de metais são extensamente utilizados em trabalhos de busca de meteoritos e não apresentam uma boa resposta em meteoritos rochosos.
Os meteoritos ferrosos são constituídos basicamente de uma liga ferro-níquel e uma pequena quantidade de outros elementos como germânio, gálio, ósmio e irídio que, por serem elementos pesados, se concentraram na região do núcleo do corpo parental.
Há duas metodologias de classificação para os meteoritos ferrosos, a mais antiga e tradicional é através do estudo da estrutura e proporção do metal níquel na liga ferro-níquel. Para tanto, bastava realizar o polimento de uma porção do material, realizar o tratamento com ácido nítrico e verificar que tipo de estrutura ficaria evidente. Com base nessa estrutura o meteorito recebia a sua devida classificação como Hexaedrito, Octaedrito ou Ataxito. Mais recentemente outro método baseado no estudo químico ou quantitativo de elementos como irídio e gálio em igual proporção de níquel passou a ser empregado. Desta classificação surgiram as seguintes classificações num total de 14 grupos diferentes: IAB, IC, IIAB, IIC, IID, IIE, IIF, IIG, IIIAB, IIICD, IIIE, IIIF, IVA, IVB. Além desses grupos uma pequena parcela ainda não foi agrupada recebendo esta mesma denominação.
Uma interessante relação entre esses dois tipos de classificações também foi observada e relacionada na seguinte tabela:
Classe estrutural
Símbolo
Camacita [mm]
Níquel
[%]
Grupo químico relacionado
Hexaedritos
H
> 50
4.5 – 6.5
IIAB, IIG
 Octaedrito Muito Grosseiro
Ogg
3.3 – 50
6.5 – 7.2
IIAB, IIG
Octaedrito Grosseiro
Og
1.3 – 3.3
6.5 – 8.5
IAB, IC, IIE, IIIAB, IIIE
Octaedrito Médio
Om
0.5 – 1.3
7.4 – 10
IAB, IID, IIE, IIIAB, IIIF
Octaedrito Fino
Of
0.2 – 0.5
7.8 – 13
IID, IIICD, IIIF, IVA
Octaedrito Muito Fino
Off
< 0.2
7.8 – 13
IIC, IIICD
Octaedrito Plessítico
Opl
< 0.2
9.2 – 18
IIC, IIF
Ataxito
D
-
> 16
IIF, IVB

 

Antes de descrever cada tipo estrutura, vale alguns comentários em relação à principal liga ferro-níquel, constituinte deste tipo de meteorito. Os dois principais tipos desta liga encontrados em meteoritos ferrosos são a kamacita e tenita. A formação de uma determinada liga de ferro-níquel no núcleo do corpo parental vai depender da proporção de níquel presente na liga ferro-níquel, da temperatura e velocidade de resfriamento. Se a proporção de níquel na liga ferro-níquel for baixa, entre 4.5 e 6.5 %, a liga resultante será a kamacita. Se a proporção de níquel for alta como 30% ou mais em relação ao ferro, teremos somente a formação da tenita. Como a proporção de níquel num meteorito ferroso está situada entre 6 a 13%, encontramos as ligas formadas somente de kamacita, somente de tenita e uma mistura das duas ligas.
Octaedritos (O): Tipo mais comum de siderito exibindo a famosa figura de Widmanstätten quando polido e tratado com ácido nítrico. É composto por uma mistura de kamacita e tenita interligados. A interligação espacial entre a kamacita e tenita se dá na forma de um octaedro, dando o nome de octaedrito a esse grupo. O espaço entre as placas de kamacita e tenita são preenchidos por uma fina mistura granular de kamacita e tenita chamada Plessita (preenchimento em Grego). Os Octaedritos são novamente classificados de acordo com a espessura da camada de kamacita na figura de Widmanstätten.
Hexaedritos (H): Tipo formado essencialmente por kamacita. O nome hexaedrito se fere a rede cristalina onde esta liga é formada. A rede cristalina tem formato cúbico com seis lados iguais e com ângulos retos entre os mesmo formando um hexaedro. Os hexaedritos não exibem o padrão de Widmanstätten como a maioria dos outros sideritos e sim pequenas linhas finas denominadas “Linhas de Neumman”, em homenagem ao seu descobridor Franz Ernst Neumann e identificou essas linhas em 1848. Estas “Linhas de Neumman” são indicativas da deformação por choque no corpo parental. O grupo químico relacionado ao hexaedrito é o IIAB.
Ataxitos (D): Raro tipo de siderito que não apresenta nenhuma estrutura óbvia quando tratados com ácido nítrico. O termo ataxito vem do Grego “sem estrutura”. É formado essencialmente com a liga rica em níquel tenita. É o tipo de siderito mais raro e nenhuma das quedas observadas até hoje de sideritos é do tipo Ataxito.