
Irgizito
0.36g
- País: Kazaquistão
- Classificação: Vidro Impacto Vidro Impacto
- Queda observada: Não
Irgizito
Os Irgizitos são encontrados na cratera Zhamanshin de 13.5km de dimensão. A formação da cratera é estimada em 900.000 anos. Elementos como niquel, cobalto e cromo são encontrados nos tectitos Irgizitos em um nivel muito mais significante que o material geológico local que, de acordo com a sua forma e estrutura interna, leva a conclusão da origem de impacto do material. Assim como todos os tectitos, os irgizitos têm um baixo nivel de água, desta maneira são chamados de "vidro seco". A maioria dos irgizitos parecem ser fragmentos quebrados de escorrimento de vidro derretido.

Vidro Impacto
Os vidros de impacto são materiais naturais formados pela fusão súbita de rochas da crosta terrestre durante eventos de impacto de asteroides ou cometas. Esses impactos liberam quantidades colossais de energia em frações de segundo, frequentemente equivalentes a milhões de megatons, resultando em temperaturas superiores a 2000 graus Celsius e pressões que podem ultrapassar 100 gigapascais. Sob essas condições extremas, as rochas são vaporizadas, derretidas ou pulverizadas, gerando diferentes tipos de produtos de impacto. Quando o material fundido esfria rapidamente antes que a cristalização ocorra, forma-se um vidro amorfo, ou seja, uma substância sólida sem estrutura cristalina. Esse vidro pode se acumular na cratera, ser ejetado a grandes distâncias ou reentrar na atmosfera, moldando-se durante o voo. Diferentemente dos vidros vulcânicos, como a obsidiana, os vidros de impacto possuem características físicas e químicas únicas que refletem as condições extremas de sua formação, como baixo teor de água, alta homogeneidade química e, em alguns casos, a presença de minerais de alta pressão, como coesita ou stishovita.
Os vidros de impacto podem ser classificados de acordo com sua origem geológica e contexto estrutural. Alguns se formam dentro da cratera, como os vidros crateriformes, associados a brechas de impacto, suevitas e depósitos basais. Outros são ejetados a grandes distâncias e solidificam-se durante o voo atmosférico, como os tectitos, cuja forma aerodinâmica reflete seu trajeto hipersônico. Também existem vidros incorporados em brechas ou rochas fundidas heterogêneas, conhecidas como impactitos vítreos, frequentemente contendo fragmentos de rochas-alvo e traços do meteorito. Em casos mais raros, há vidros com enriquecimento em elementos siderófilos, como irídio, níquel e cromo, cuja assinatura geoquímica indica contribuição direta do corpo impactante.
A formação desses vidros depende da composição da rocha-alvo, da velocidade e do ângulo do impacto, e do resfriamento subsequente. Solos ricos em sílica tendem a gerar vidros mais homogêneos, enquanto alvos basálticos ou máficos produzem vidros mais escuros e porosos, com composição mais variável. O resfriamento pode ocorrer em poucos segundos, originando texturas lisas, bolhas internas, zonas de recristalização parcial e superfícies corroídas. Algumas estruturas mostram sinais de intemperismo, que ajudam a estimar a idade relativa do impacto e os ambientes de deposição.
Esses materiais têm grande valor científico, pois registram eventos de impacto extraterrestre com precisão. Servem como marcadores estratigráficos, podendo ser datados por métodos como argônio argônio, fissão de trilhas ou luminescência. Ajudam a localizar crateras soterradas ou submersas e fornecem dados sobre a física de impactos hipervelozes, ejeção balística, reentrada atmosférica e os efeitos ambientais gerados, como incêndios, tsunamis e mudanças climáticas. Muitos desses vidros foram utilizados por culturas ancestrais como ferramentas ou artefatos rituais, sendo reconhecidos antes mesmo da ciência moderna entender sua verdadeira origem.
O estudo dos vidros de impacto é intrinsecamente interdisciplinar, envolvendo geologia, física, geoquímica, astronomia e biologia. Alguns pesquisadores investigam a possibilidade de que esses materiais preservem compostos orgânicos ou microestruturas protegidas do calor extremo, levantando hipóteses sobre vetores prebióticos. Em outros corpos planetários, como Marte e a Lua, vidros de impacto são considerados alvos científicos prioritários, pois podem conservar registros antigos das condições ambientais e dos processos geológicos mais violentos da história do sistema solar. Por isso, os vidros de impacto são mais que produtos geológicos. São testemunhos sólidos da interação entre a Terra e o cosmos, encapsulando dados sobre catástrofes naturais, evolução planetária e, possivelmente, a origem da vida.